Bem-vindos !
Dos muitos pontos com que se poderia tecer a História da Santa Casa da Misericórdia de Arraiolos, colocamos aqui, em evidência, a vertente espiritual e religiosa que tem norteado a sua ação desde o início. Recriam-se momentos de culto, através de imagens e tecidos, que nos permitem viajar além dos tempos e contemplar um legado de tradição.
A Santa Casa da Misericórdia de Arraiolos foi criada, à semelhança das suas congéneres, com uma forte inspiração cristã, assumindo-se como irmandade e erguendo-se para a prática das sobejamente conhecidas catorze obras de misericórdia – sete obras espirituais (ensinar os simples; dar bom conselho; corrigir com caridade os que erram; consolar os que sofrem; perdoar os que nos ofendem; sofrer as injúrias com paciência; rezar a Deus pelos vivos e pelos mortos) e sete obras corporais (remir os cativos e visitar os presos; curar e assistir os doentes; vestir os nus; dar de comer a quem tem fome; dar de beber a quem tem sede; dar pousada aos peregrinos; sepultar os mortos). A nossa Irmandade, constituída por irmãos, centrava a sua atuação no que hoje denominaríamos de acção social e domínio religioso. Assim, tentava proteger e auxiliar os pobres, doentes, presos, os peregrinos, os chamados “envergonhados” (pessoas que se viam enredadas na pobreza, por desgraça) e os enjeitados (bebés rejeitados à nascença).
Distribuía uma série de bens como roupa, alimentos, medicamentos ou mezinhas e até abrigo aos mais necessitados. Por outro lado promovia uma importante intervenção a nível religioso pela oração, celebração de missas e procissões, enterros e inclusive pela companhia de condenados à morte. Desta forma, os Irmãos anunciavam o Evangelho com palavras mas também com obras concretas, testemunhadas através de atitudes cristãs.
Num tempo em que as necessidades das pessoas e das famílias se vão, perigosamente, avolumando, a mensagem e a ação da Misericórdia não podia ser mais atual, importante e imprescindível. Vivemos tempos tão diferentes mas com necessidades e intervenções, estranhamente, tão semelhantes. É como se neste grande tapete que é a nossa História as cores fossem assumindo diferentes nuances mas o ponto ou, se preferirem, a missão permanecesse a mesma passados quase quinhentos anos.
O Provedor
Luís Marcolino Chinelo